“Azul é a cor mais quente” ou no título original, “La vie d’Adèle” (A vida de Adele), é o longa francês de 2 horas e 50 minutos, produzido no final de 2013, dirigido por
Abdellatif Kechiche (nome meigo rs) baseado no romance HQ de Julie Maroh. Ainda
não li o livro, mas quem leu garante que a historia no livro seja mais próxima
da realidade lésbica do que no filme, que parece centrar mais na vida cotidiana
de Adele, mostrando de forma constante e
repetitiva sua intimidade, desde antes até o fim do relacionamento. No livro,
ela é Clementine, uma jovem adolescente de 15 anos que descobre o amor ao conhecer Emma, uma jovem
artista mais velha do que ela e também a
dona das madeixas azuis mencionadas no filme.
Através de textos do diário de Clementine, a leitora acompanha o
primeiro encontro das duas e caminha entre as descobertas, tristezas e
maravilhas que essa relação pode trazer.
A novela gráfica foi lançada na França em 2010, já tem diversas versões, incluindo para o inglês, espanhol, alemão, italiano e holandês, e ganhou, em 2011, o Prêmio de Público do Festival Internacional de Angoulême. Às interessadas, a capa do livro é essa e na Brejeiras vc encontra por R$ 39,90.
A novela gráfica foi lançada na França em 2010, já tem diversas versões, incluindo para o inglês, espanhol, alemão, italiano e holandês, e ganhou, em 2011, o Prêmio de Público do Festival Internacional de Angoulême. Às interessadas, a capa do livro é essa e na Brejeiras vc encontra por R$ 39,90.
Mas vamos ao filme. A maior polêmica foram as cenas quentes de
sexo, sem dúvida bastante realistas. Na minha opinião, começou sensual, romântico, depois achei um pouco apelativo e até meio
agressivo, tal um filme pornô lésbico, gemidos, tapas, movimentos, caras e bocas,
para mim aquilo reflete a cópia de uma
cena de pornô. Eu prefiro fazer amor,
talvez por isso não tenha curtido em 100%. Detalhe, foram usadas “vaginas postiças”
(risos), pra quem viu entrevistas em inglês das atrizes, saberá do
que estou falando! Me pergunto como conseguiram fazer isso com próteses?
Segundo a entrevista, foi algo de modo a
deixá-las mais a vontade durante as cenas. A sequência do tempo passando não é exibida no
filme, tipo “três meses depois....”, “um ano depois....” você percebe pela mudança de atitude, de
atividade e outras coisinhas. Kechiche
pontua em uma conferência que, as
diferenças entre as personagens
influenciou no fim da relação. Adele ainda terminava o colégio quando a conheceu e estava
descobrindo sua sexualidade; Emma por outro lado, além de mais velha, com um
trabalho artístico já definido, já tinha certeza de sua sexualidade. Outra coisa, já havia tido mais
relacionamentos, portanto mais experiência
do que Adele, logo, para ela qualquer motivo que fosse atrapalhar sua vida
já era o suficiente para terminar e começar uma nova relação. A atração das duas fora imediata no cruzar dos
olhares na rua....um pouco mais a diante quis o destino que se reencontrassem
em um bar gay! Mas surpresa, Emma ainda
estava comprometida com uma tal de Sabine (mais bofinho que ela)! Na história, Kechiche não tinha pretensões de dar ênfase a
aceitação por parte da família de ambas, e sim, da construção do relacionamento
e dos conflitos que o levaram ao fim.
Algo que me incomodou muito, foi
a mudança repentina e quase radical de Emma (reparem que seu comportamento muda
depois que ela abandona o estilo de mechas azuis, marcando a saída de sua
adolescência) antes parecia mais aberta, mais doce e meiga, mais receptiva e mais centrada e
apaixonada por Adele, tanto que expressava sua admiração em desenhos que fazia
para homenageá-la, afinal, era sua
inspiração, onde ela fazia questão de mostrar a todos. Mas tudo isso muda quando na última festa que
estiveram juntas sua ex Lise reaparece, grávida de uns 8 meses, é visivel a sua
empolgação com ela, que parece deixar Adele meio de lado, e na hora de deitar também rola uma
desculpa básica. Aos poucos, ela vai se
afastando de Adele, e isso para mim já
foi uma forma de minar o relacionamento.
Notem que na cena em que ela está irritada por não ter seu trabalho reconhecido
por causa de sua orientação sexual, ela nem dá muita atenção a Adele, que só
quer sua companhia. Até que um dia, cansada de tanta falta de atenção, Adele
via a uma festa com os professores e acaba ficando com um rapaz.... e notem que
ela parecia ter se empolgado e estava gostando, o que não ocorre com o colega
de escola no começo do filme, onde ela tem a nítida
impressão de ter fingido tudo. Aí é que
Emma resolveu “acordar” e lembrar que tinha uma namorada, praticamente uma
esposa, pois moravam juntas. Certa noite
que viu Adele chegar, tirou satisfações e fez um puta interrogatório, e
conseguiu arrancar a real de Adele que já estava aos prantos. Esta foi tachada de vagabunda,
puta, biscate, e para mim, foi uma
clara atitude de machismo, intolerância e repúdio às bissexuais, que eu abomino totalmente!! Oras, mas Emma também havia traído a mulher,
só por ter sido com outra mulher, isso a
isentava de culpa?? Achei que Adele foi
muito passiva e não reclamou, por isso Emma agiu da forma que agiu, e achei que
ela foi muito egoísta em todos os momentos finais do filme. Três anos depois se
reencontram em uma biblioteca/ cafeteria e conversam, mas tá claro nos olhos de
Emma que ela não está tão entusiasmada com a vida que leva com Lise,
especialmente quando é questionada por Adele sobre o sexo....ah, o sexo, é um
complemento da relação, mas não seu sustento, e a cumplicidade? E o
companheirismo, amizade, a vontade de
apoiar e admirar a outra? parecia só estar com ela por obrigação, pra
ajudar a criar sua filha e a dizer que tinha uma família, por conveniência. E tá claro que ainda sentia amor por Adele ao
dizer que sentia sua falta. Não voltou por medo, insegurança, orgulho. Mas no
amor, pra que alimentar orgulho, meu Deus??? A cena final mostra Adele tentando uma última
cartada, toda vestida de azul, que parecia ter se tornado o símbolo da relação
delas, mas foi ignorada e foi embora. Isso daria uma parte dois, só pra
corrigir esse porém. Yes or No que terminou feliz achou um jeitinho de ter
parte 2, pq não este? O titulo “azul é a
cor mais quente”evidenciando a cor azul, tem a ver com intensidade (e objetos e roupas azuis eram constantes em diversas cenas do filme), mas essa intensidade mudou e foi
efêmera, e isso foi simbolizado quando Emma deixa de usar os cabelos azuis, como se tivesse se tornado outra pessoa, com uma personalidade bem diferente da inicial. Quando Adele aparece com vestido azul foi ignorada,
pq pra Emma era como “algo lindo que vivemos, mas agora está no passado”. É incrível, mas eu
senti o vazio que Adele sentiu, especialmente quando ela dorme no banco que
costumavam namorar, creio que muitas tenham sentido, e para muitas, o final
realmente deixou a desejar, ficando um sabor de “quero mais” e “mas pq tinha
que ser assim?” e de que aquele destino poderia ter sido mudado, se tivesse
havido mais cautela e mais conversa, pois na fúria, Emma a expulsou de casa, sem a mínima chance de um
diálogo (foi mais fácil até pra dispensar logo Adele pra poder reatar o romance dela sem se sentir culpada por isso, no fundo ela sabia que tava fazendo Adele sofrer) , nem se deu tempo para esfriar a cabeça, e a lição que tiro é que muitos namoros lésbicos terminam por causa disso, começam
rápido demais e acabam rapido também, justamente porque na hora de certos conflitos,
falta maturidade pra saber lidar e tentar consertar juntas. Deveríamos avaliar se quando queremos estar
com alguém, se estaremos prontas para os
obstáculos que virão e se iremos aceitar
o outro como realmente é, e se certas
diferenças serão toleradas. É algo a ser pensado por todas nós. Seydoux
diz que não é um filme sobre lésbicas e sim sobre amor, e se mostra bastante
tímida em entrevistas e diz que foi dificil gravar muitas cenas devido sua
timidez, mas que gostou dos resultados. E nossa,
se a moça é tímida nas gravações, imagine se não fosse, então!! Apesar de tudo, essas belas atrizes mandaram
muito bem e certamente será um filme que ficará guardado na memória do público
LGBT feminino. E o que vai ter de guria pintando o cabelo de azul (menos eu)... nem se
fale!!
E você? O que
achou do filme? Quais foram suas impressões? Acrescentaria algo a mais à trama? Deixe sua
opinião aqui nos comentários.
Fiquem com uma musiquinha do filme e as demais, vcs encontram em videos do You Tube!!
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